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segunda-feira, abril 23, 2012

Escravos do Sistema

Muito se fala em preconceito e logo nossa mente pensa em raça, cor, sexo, e condições financeiras. Para não se enquadrar num desses itens o ser humano faz de tudo para minimizar o risco de ser vítima. Nessas horas, mais uma vez podemos nos pegar vivendo uma ilusão, e pior, para que os outros nos aceitem e olhem com "bons olhos". Na verdade esses são olhos do mal! Eles representam a escravidão ao status.
Tenho amigos em várias classes sociais e econômicas, desde os que batalham pela sobrevivência com o mínimo de dignidade aos que estão tranquilos financeiramente. Graças a Deus, os amigos que estão no segundo grupo são pessoas que não permitiram a instalação da escravidão do status em seus corações. São pessoas simples e conscientes de que a situação de hoje pode não ser a de amanhã. Porque é exatamente isso! As mães e avós dizem e sempre falaram hoje e ontem assim para a filha ou neta: "Mas esse cara? Ele não tem onde cair morto! Porque não o Fulano? Boa família, bom emprego..." Não as culpo. Elas são fruto da imposição social que vem de longe, mais do que imaginamos.  Posso afirmar sem medo que a esmagadora maioria das mães pensam assim, especialmente as que têm hoje mais de 50 anos e ainda têm conceitos dos velhos tempos. É compreensível que queiram o melhor para suas filhas. Eu, se tiver uma, vou querer o melhor também assim como minha futura mulher. Uma coisa que não atentavam (e muitas não atentam) é que "quem tem hoje pode não ter mais amanhã e vice-e-versa". O argumento muitas vezes é: "mas é melhor arriscar com quem tem hoje do que com quem não tem". Perfeito em lógica, errado em princípios kk
Para não ficar focado em relacionamentos a dois, vou ampliar. Você vai a um evento social. Uma amiga, viúva de um cara boyzão, me falou o seguinte: "Três coisas o homem não pode deixar de ter se quiser ser bem aceito em círculos sócio-econômicos mais elevados: um carro caro, um excelente relógio e um excelente sapato". Veja onde chegamos: um homem é julgado pelo carro, relógio e sapato! Se não estiver no padrão, ele é carta fora do baralho. Mais um exemplo: a mulher vai a um casamento de uma família de classe social de média pra cima. Na hora de comprar o vestido, ela entra na neurose de que tem que ficar tão elegante quanto as outras. Nessa, pagam 1000 reais num vestido para aquela cerimônia e, se duvidar, ainda vão falar mal por trás.
Onde está o valor do ser humano? Onde está a valorização do caráter, da sensibilidade, da bondade, do amor verdadeiro? Onde foi que nos puseram para submeter a esses padrões escravizantes, desumanos, que não vislubram a essência para dar valor à forma? Está cheio de gente que não tem condições para bancar uma moradia na Vila mariana, São Caetano, Lugar bom sabe?? mas dá mais da metade do que ganha num aluguel para deixar uma impressão de status maior, tudo para agradar a quem? Aos conceitos dessa escravidão ao dinheiro! Conheci um cara que estava numa fase financeira terrível mas não saía do apartamento caro na parte nobre de São caetano pra não perder a pose de dizer "eu moro em tal lugar". Na casa dele não tinha geladeira, dormia num colchão no chão, tinha uma TV velha e chegava a passar aperto até no estômago! kkk Pra quê? Para que as pessoas que o conheceram nos tempos de carrão, moto Harley Davidson e altas baladas achassem que "a situação caiu mas nem tanto". Eu sei que em certas situações a gente é OBRIGADO a seguir esses padrões, senão sofremos as conseqüências. É claro que, se vou a um casamento, ver emprego, procuro me vestir o melhor possível, por mais que curta a liberdade do jeans e camiseta. Se vou atender um cliente, procuro estar coerente com o momento. Não é disso que estou falando. Estou falando que precisamos resgatar a dignidade de SER, a coragem de assumirmos nossos momentos ruins. A vida é assim, e quem não gostar...só lamento!
Você está "na boa", com grana no bolso, fazendo altas viagens para o estrangeiro, freqüentando outback um dia sim e um dia nao kkk e lugares mais badalados do momento? Parabéns, mas tenha a consciência de que isso pode não ser para sempre. Tomara que o seu dia ruim nunca chegue. Mas se chegar, vai estar pronto? Então minha sugestão: curta tudo, mas não perca o foco no ser humano. Não endureça o coração para os necessitados, para os que não conseguiram atingir o seu status social. Você está apertado? A grana está curta e falta, talvez, para coisas básicas? Não desanime. Quem gosta de você de verdade estará do seu lado. Seu papel é lutar para sair dessa. Até quando? Até sempre! Preserve o seu caráter, aproveite para sentir empatia pelos que desde sempre viveram em condições tão difíceis ou piores que a sua. Assim, seu coração estará se aprontando para ajudar, para ser solidário. Está andando de Honda? Bom. Está andando de ônibus? Bom. Tem um alto cargo na sua empresa? Bom. Está desempregado? Bom não está kk, mas tenha bom ânimo para mudar isso. Ninguém é melhor que ninguém. Dê um basta nessa escravidão do status. O valor das pessoas não está na quantidade de dinheiro que têm, mas na qualidade de pessoa que se é!

2 comentários:

Angeline disse...

Um dos seus melhores textos, AMEI!!!

GuTzzz disse...

preciso fazer te aquelas perguntas , mas com contrato assinado kk